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Foto do escritorIrhis Consultoria

O que a seleção de Tite nos ensina sobre estratégia empresarial?


Além de recuperar o bom desempenho do futebol brasileiro, Tite nos ensinou muito sobre estratégia durante sua passagem pela seleção até então, seja com suas vitórias ou com sua dolorida derrota

29 de março de 2016. O Brasil, ainda com Dunga, empata com o Paraguai e, naquela altura, estava fora da classificação para a Copa do Mundo da Rússia em 2018. Caracterizada como “Seleção sem alma” e com o fantasma do 7 a 1 ainda por perto, a amarelinha viu seu treinador ser demitido devido à crise de identidade da seleção e ao mau desempenho apresentado nos jogos eliminatórios para a Copa e na Copa América daquele ano.

O bom futebol e o respeito que o Brasil impunha aos seus adversários já não existiam mais. O futebol, antes força máxima do país, estava em baixa. Ultrapassado, via adversários como Alemanha, Colômbia e, até então, Chile, se reinventarem no futebol e alcançarem resultados expressivos e conquistarem títulos.

Reinventar. Palavra importante, ação muitas vezes necessária, mas que gera temor. Temor por não saber o que virá, se levará aos resultados esperados. Mas decisiva para poder se adequar à realidade do momento e manter a glória. Errado quem pensa que isso se restringe apenas ao esporte. No mundo empresarial, vimos grandes empresas, como Kodak e Nokia, perderem seus status de mega empresas de referência e com grande lucro para empresas que beiram a falência e correm para cortar gastos para não fecharem as portas. Paradas no tempo, elas não se adequaram rapidamente às novas tecnologias e perderam espaço.

Voltando ao futebol, o Brasil, sem espaço no alto cenário futebolístico, buscava agora alguém para trazer novas referências ao esporte. Falava-se de Pep Guardiola, conhecido por seu novo futebol de troca de passes rápidos. Chegou Adenor, ou Tite, como é popularmente conhecido. Técnico vitorioso, uma de suas marcas por onde passou foi implementar uma filosofia de grupo muito forte em seus jogadores. No Brasil, isso também deu certo.

Já na primeira partida, vitória por 3 a 0 contra o Equador e, mais do que isso, um bom futebol apresentado. O time? Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Miranda, Marcelo, Paulinho, Casemiro, Renato Augusto, Philippe Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus. Com exceção do Daniel Alves, machucado, todos foram para a Copa e foram ou titulares, ou reservas imediatos. E isso diz muito sobre o papel de Tite na seleção e sobre seu grande poder de liderança ao gerir pessoas, digo, seus atletas. O técnico da seleção soube avaliar bem seus jogadores, soube recompensá-los a cada bom resultado, soube dar ao time um bom clima organizacional e definiu bem as funções de cada um na seleção. O Brasil recuperava seu bom futebol e a moral internacional no esporte. Terminou as eliminatórias na liderança e com 10 pontos de vantagem ao vice-líder Uruguai, cenário impensável há 2 anos. O ex-técnico do Corinthians conseguia reerguer uma empresa atrasada e dar a ela o posto máximo internacional: o de uma das favoritas ao título do mundial.

Para a Copa, o último recrutamento e seleção. Ficaram bons nomes de fora? Sim. Mas Adenor selecionou não só pelo bom desempenho, mas ao quanto aquele jogador se adequava ao jeito de seu time jogar. No mundo empresarial, contratou não só pelas competências técnicas, mas pelo alinhamento cultural entre equipe-selecionado (mas convenhamos aqui que havia jogadores que também se adequariam e foram deixados de lado mesmo assim).

Na Copa, a liderança e o espírito coletivo foram nítidos a todo momento. Se o resultado não veio na primeira partida e até os momentos finais da segunda, o que se via era um excelente trabalho em equipe, uma força coletiva que há muito tempo não se via na seleção. E isso fez o resultado ser consequência.

Tite mostrava ser um líder excelente. Manteve a confiança no desempenho dos jogadores mesmo quando eles não apresentavam bom futebol. Deu uma segunda chance a Paulinho, que marcou contra a Sérvia. Deu segunda chance a William, que arrebentou contra o México. Contra o México, aliás, foi nítido como todos estavam bem alinhados e bem coordenados. No campo, todos cumprimentavam-se quando uma bola era desarmada por um dos brasileiros. Na entrevista coletiva, o técnico mantinha a hierarquia e blindava seus jogadores das cutucadas dos jornalistas. A atitude que mais evidencia sua boa liderança foi quando perguntado sobre uma mudança tática de William e, sem pensar duas vezes, chamou um dos assistentes de sua comissão técnica para responder. Tite valorizava o trabalho de todos, algo imprescindível para uma boa gestão de pessoas.

Contudo, uma nova empresa chegou no mercado. A Bélgica, com uma geração de ouro, vinha com jogadores novos, com muita habilidade e dispostos a desbancar a favorita. E conseguiu. O que se viu talvez foi a falta daquilo que colocou Tite no cargo há 2 anos: reinventar. Mudar. E rápido. O resultado não vinha e não tinha mais como dar chances para os jogadores que não correspondiam. Tite até mudou, mas demorou. E nos ensinou: não há tempo para esperar ou para outras chances. Diante do novo, devemos nos adequar. Diante da mudança na situação, reajustar nossas estratégias. Pois a então líder no mercado, favorita ao título, perdeu seu posto para uma concorrente que soube aproveitar o seu momento e a inovar com seus bons jogadores. Ainda bem que no futebol podemos nos contentar em perder com raça e nos confortar com nossa história pentacampeã.

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